Algumas observações sobre o caso da espionagem americana
no Brasil, revelada no jornal O Globo no dia 7 de julho:
Eliane Cantanhede:1
Todo o mundo bisbilhota todo o mundo e todos os países
(que podem, claro) espionam todos os países (que interessam, claro). A única
coisa que não pode(ria) é ser flagrado bisbilhotando e espionando. Aí, vira uma
confusão, com os espionados encenando indignação e os espiões fingindo enorme
constrangimento.
Jânio de Freitas:2
Vamos
fingir que nos sentimos surpresos e indignados. Vamos à ONU com um protesto
contra a espionagem com que o governo dos Estados Unidos invadiu mensagens
eletrônicas no Brasil. Vamos cobrar do governo americano explicações sobre a
central de espionagem instalada em Brasília pelo combinado CIA-NSA. Faz parte
da boa educação cívica mostrar-se surpreso e indignado.
Reinaldo Azevedo:3
Os EUA monitoram quem liga pra quem — que se saiba, nesse caso, não se
conhece o conteúdo — mundo afora, especialmente no Ocidente? Que bom!!! Alguém
tem de fazer isso. Antes eles do que a China; antes eles do que a Rússia; antes
eles do que alguma central do terror. Dia desses, assistindo a uma reportagem
de TV, a moça, com aquele ar indignado a que a ignorância sempre confere
convicção, observou que, a despeito de tanto monitoramento, o serviço secreto
americano não conseguiu impedir o atentado terrorista de Boston. É uma
raciocínio estúpido. A eficiência de um monitoramento não se mede pelos
atentados que ocorrem, mas por aqueles que não ocorrem. E parte do serviço de
segurança consiste justamente em omitir essas informações para não gerar pânico
e garantir a segurança de algumas operações. Mesmo assim, alguns casos
vieram a público. Já se impediu um facínora, por exemplo, que levava um dispositivo
explosivo no salto do sapato, de explodir um avião. Quantos ataques o
monitoramento já evitou no país que teve o 11 de Setembro e mundo afora?
Ninguém jamais saberá. As autoridades brasileiras estão tomadas de pruridos
nacionalistas; falam em violação da soberania nacional… É. Nada como um
escorregão dos grandes para que os pequenos fiquem cheios de razão. É claro que
há aí um exagero, e os EUA tentam se explicar. É evidente que o Brasil tem de fazer cobranças e tal,
mas é bem possível que o grande número se supostas ocorrências em nosso país se
deva ao fato de que essa é uma área de trânsito de dados.
1. http://www1.folha.uol.com.br/colunas/elianecantanhede/2013/07/1308351-indignacao-com-prazo-marcado.shtml
2. http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2013/07/1308284-espiados-e-indignados.shtml
3. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/prontofalei-se-ninguem-quer-entao-falo-caso-snowden-esta-sendo-superestimado-e-jornalista-que-denuncia-complo-exercita-teorias-conspiratorias-e-faz-quando-menos-juizos-delinqu/
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