1. A
IDADE CONTEMPORÂNEA (1789 em diante)
1.1
Introdução
1.2 A periodização
da Idade Contemporânea
A
Idade Contemporânea pode ser subdividida em períodos específicos. Se levarmos
em consideração as alterações decorrentes dos impactos das grandes revoluções e
conflitos internacionais, é possível delimitar três períodos nesses últimos 250
anos da história: (I) o Longo Século XIX (1789-1914), marcado pelo duplo impacto econômico-geopolítico da
Revolução Industrial britânica e político-ideológico da Revolução Americana e
da Revolução Francesa – o a chamada “Dupla
Revolução”; (II) o Breve
Século XX (1914-1991), caracterizado
pelos desdobramentos geopolíticos da Primeira Guerra Mundial (ascensão dos EUA
como principal potência capitalista) e político-ideológico da Revolução Russa
(criação da URSS e do regime socialista); (III) o “Incerto” Século XXI (1991
em diante), marcado pelo impacto do colapso da URSS, do fracasso dos
regimes socialistas e pela transformação dos EUA em uma “hiperpotência”
militar, com um poder global sem paralelo na história.
1.3 O Longo
Século XIX (1789-1914)
A
fase inicial da Idade Contemporânea foi chamada de Longo Século XIX (1789-1914),
o período do estabelecimento da modernidade capitalista nas nações mais ricas
do Ocidente e do início da sua expansão por outros países ocidentais e por
outras civilizações. Mais extenso do
que o século XIX cronológico (1801-1900), o Longo Século XIX no sentido
histórico começou simbolicamente com a Dupla Revolução das décadas de 1770-1800
(a revolução liberal democrática nos EUA e França e o começo da revolução
industrial na Grã-Bretanha) e terminou, também simbolicamente, com a eclosão da
Primeira Guerra Mundial em 1914.
A Revolução Americana (1774-1787) – o movimento de
independência das Treze Colônias e de criação dos EUA – inaugurou o processo de
destruição do antigo sistema colonial mercantilista e de descolonização da
América. Por
sua vez, a Revolução Francesa
(1789-1799) resultou no desmanche do antigo regime absolutista, senhorial e
clerical na França e no início da construção de uma nova ordem moderna no país.
As duas revoluções políticas difundiram na Europa e na América os ideais racionalistas,
seculares e progressistas do Iluminismo, sobretudo da corrente do liberalismo
(liberdade do indivíduo, isonomia, governos eleitos, tolerância ideológica,
livre iniciativa), a doutrina política e econômica hegemônica do Longo Século
XIX no Ocidente. Ambas igualmente propagaram o nacionalismo e,
principalmente no caso da Revolução Francesa, o ideal da democracia de massas.
A França revolucionária assistiu também a formulação do primeiro projeto
comunista da Idade Contemporânea – a Conspiração dos Iguais (1796). As ideias
liberais, democráticas, nacionalistas e socialistas influenciaram diversas
revoluções e movimentos políticos no mundo em 1810-1914, como a independência
da América Latina (1810-1825), as revoluções de 1820, 1830 e 1848 na Europa, as
unificações da Itália (1859-1870) e da Alemanha (1864-1871) e as revoluções de
1905-1912 na Rússia, Irã, México e China.
A Revolução Industrial ou industrialização
caracterizou-se pela utilização de máquinas movidas por fontes inanimadas de
energia (como o vapor) na indústria (maquinofatura) e nos transportes
(navegação a vapor, ferrovias), acompanhadas por novas formas de organização da
produção (sistema fabril com o trabalho em larga escala de operários). A mecanização da indústria resultou na expansão
sem precedentes da produção e da produtividade, barateando os produtos e
possibilitando o desenvolvimento do mercado consumidor. A Revolução Industrial
também favoreceu a urbanização, em razão da localização das fábricas nas
cidades ou em suas periferias, o que atraiu trabalhadores para os novos empregos,
além de estimular a criação de outros negócios, como no setor de serviços. A
estrutura social foi profundamente alterada. Uma nova elite econômica (o
empresariado ou burguesia industrial) foi formada, juntando-se aos tradicionais
grupos sociais dominantes como os grandes proprietários rurais e os grandes
comerciantes. O desenvolvimento capitalista decorrente da industrialização também
ampliou a importância e o poder dos bancos, transformando os banqueiros (a
burguesia financeira) em outro influente setor das classes dominantes. Com
efeito, durante o Longo Século XIX, o antigo poder político e ideológico das
elites agrárias tradicionais diminuiu consideravelmente e passou a ser
compartilhado, e em alguns casos superado (EUA), pelo poder da nova elite
capitalista de banqueiros, industriais e comerciantes.
A industrialização e a urbanização favoreceram
também o crescimento da classe média ligada ao setor de serviços privados e
públicos – uma camada social que virou, em grande medida, a principal fatia do
mercado de bens industriais. Contudo, a transformação social mais famosa
decorrente da Revolução Industrial foi a ascensão do operariado fabril ou
proletariado industrial como o principal segmento dos trabalhadores.
A industrialização não só transformou profundamente
as estruturas econômicas e sociais dos países que passaram por ela, como também
gerou uma nova cultura e afetou os regimes políticos tradicionais. Os governos
precisaram agora atender às demandas dos grupos industriais, da crescente
classe média e do numeroso proletariado fabril. As doutrinas políticas que
defendiam a democracia, o bem-estar social e o socialismo foram desenvolvidas e
adquiriram uma importância central nas questões políticas. Organizações
trabalhistas na forma de sindicatos e partidos políticos passaram a ser uma
parte inerente dos sistemas políticos modernos. Com a industrialização, a
“política de massas” (dependente da aceitação popular) emergiu.
Iniciada na Grã-Bretanha por volta de 1780, a
Revolução Industrial ampliou enormemente o poder econômico do Reino Unido, que
antes da industrialização já era a maior potência comercial, financeira e naval
do mundo, e consolidou o capitalismo no país. O pioneirismo industrial,
contudo, foi fundamental para a Grã-Bretanha se transformar na potência
hegemônica mundial, capaz de projetar o seu poder econômico e naval por todos
os continentes. Como a Grã-Bretanha já possuía um regime liberal antes das
revoluções americanas e francesas (resultado da evolução da monarquia
constitucional a partir da Revolução Gloriosa de 1688-1689), a expansão do seu
poder econômico mundial também foi fator decisivo para difundir os ideais do
liberalismo em escala global, sobretudo os ideais da liberdade econômica, como
o do livre comércio (conhecido genericamente como “ideias britânicas”). A
industrialização britânica, com o seu exemplo e oportunidades que criou,
estimulou a expansão da Revolução Industrial por outros países que ofereciam
condições econômicas, sociais, políticas e culturais favoráveis à adoção da
maquinofatura capitalista em larga escala – na época, principalmente os países
da Europa Ocidental, seguidos pelos EUA e, no final do período, pela Rússia e
pelo Japão.
Com
efeito, nas últimas décadas do Longo Século XIX, os EUA, principalmente, e o
Japão tinham adquirido o status de grandes potências regionais, rivalizando com
os europeus, embora possuíssem impérios coloniais relativamente menores. O
sistema internacional do período, portanto, assumiu uma feição multipolar –
diversos centros de poder econômico e militar (grandes potências da Europa,
EUA, Japão), ainda que desiguais e cada vez mais interligados pela globalização
capitalista.
Por
tudo isso, o Longo Século XIX recebeu também outras denominações: época da supremacia europeia no mundo, quando as potências modernas da Europa lideravam a
civilização ocidental e estavam à frente dos EUA em termos de poder global; época do apogeu do imperialismo europeu sobre
a Ásia e África, em razão da superioridade econômica, tecnológica e militar das
potências da Europa sobre a grande maioria das civilizações não ocidentais; época do liberalismo clássico, caracterizado pelo predomínio do livre
comércio e da não intervenção governamental na economia nos países ocidentais e
pela expansão dos ideais e da prática de governos eleitos (inicialmente
oligárquicos baseados no voto censitário e depois parcialmente democráticos
baseados no sufrágio universal masculino); e época da Pax Britannica (mais precisamente os anos de 1815-1914),
quando a Grã-Bretanha, com sua hegemonia econômica e naval mundiais, buscou
assegurar uma paz relativa na Europa, baseada no equilíbrio do poder entre as
grandes potências, que evitou uma guerra generalizada no continente.
2. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
2.1 A indústria e suas modalidades
No
sentido econômico e material, indústria é a transformação da matéria-prima em
um produto. Como as demais atividades de intervenção do homem no meio natural,
a indústria envolve o trabalho humano (individual ou coletivo) e uma tecnologia
de instrumentos de produção (ferramentas ou máquinas) e do uso de fontes de
energia (humana, animal ou não-animal) para acionar os instrumentos. A
indústria pressupõe conhecimento e criação. Ela é, assim, uma manifestação da
cultura humana e sempre existiu na história.
De
uma forma geral, a indústria pode ser classificada em três tipos básicos:
O artesanato. É a atividade
industrial em que o trabalho é individual, ou de um pequeno grupo de pessoas,
com uso de ferramentas e produção em pequena escala. O artesão controla
(executa) todas ou quase todas as etapas da produção. Quando existe uma divisão
de trabalho, ela é mínima. Na maioria dos casos, o artesão é o proprietário do
local de trabalho (a oficina artesanal) e dos instrumentos de trabalho, não
sendo incomum o emprego de um auxiliar ou mesmo de toda a família (produção
doméstica). O artesanato é a indústria mais antiga, tradicional e rudimentar da
história e predominou em todas as sociedades pré-modernas, estando presente em
diversos sistemas econômicos. Ele foi praticado por trabalhadores urbanos
especializados e por camponeses (combinando a agricultura com o artesanato
rural), por homens livres, semilivres e escravos. Atualmente, o artesanato é
economicamente uma atividade marginal que tem pouca importância nas economias
modernas.
A manufatura. Muitas vezes a
palavra manufatura é utilizada como sinônimo de bem de consumo de origem
industrial. Mas no sentido de uma modalidade de indústria, a manufatura é uma
fábrica sem máquinas, com vários operários utilizando ferramentas, produção
manual coletiva e divisão de trabalho acentuada. A fábrica manufatureira e, em
geral, as ferramentas empregadas são propriedade de um empresário e não dos
trabalhadores. A produtividade é superior a do artesanato e a produção é em uma
escala bem maior, ainda que limitada pelo seu aspecto manual, muitas vezes dependente
da habilidade individual do operário. Manufaturas existiram na Antiguidade e na
Idade Média, mas elas tornaram-se mais comuns e importantes nos séculos XVII e
XVIII. Tanto o trabalho livre quanto o trabalho compulsório foi empregado nesse
tipo de fábrica. Na maioria dos casos, a produção manufatureira era voltada
para o comércio, mas algumas manufaturas foram criadas pelo Estado para
fabricar armas para os exércitos ou fornecer algum outro produto de interesse
estatal. Assim como o artesanato, as manufaturas também perderam importância na
modernidade.
A maquinofatura. É a indústria
moderna, que utiliza máquinas (fábrica mecânica), energia inanimada, ou seja, não-animal
ou não humana (como combustíveis fósseis, água e energia nuclear) e uma grande
quantidade de operários. Os métodos e a organização do trabalho dos empregados
da maquinofatura são mais complexos, com uma grande divisão de tarefas. A
produção é em larga escala, muito mais elevada do que na manufatura e com uma
produtividade incomparavelmente superior. Como na manufatura, na maquinofatura
há uma radical separação entre a propriedade da fábrica/máquinas (que pode ser
privada ou estatal) e o trabalho em si (praticado coletivamente pelo operariado).
A maquinofatura foi a indústria difundida pela Revolução Industrial na Idade
Contemporânea. Ela substituiu o artesanato e a manufatura e passou a predominar
nas sociedades modernas, transformando-se em um dos grandes símbolos da
modernidade. Com a sua consolidação no
mundo contemporâneo, a maquinofatura passou a ser identificada com a indústria
de uma forma geral. Dessa forma, as sociedades dependentes da maquinofatura
foram chamadas de “sociedades ou economias industriais”, enquanto que aquelas
baseadas no artesanato e na manufatura foram consideradas “sociedades ou economias
pré-industriais”.
2.2 O que foi a Revolução Industrial
Em sua essência, a Revolução Industrial ou industrialização
foi a difusão da maquinofatura no processo produtivo e na mineração,
estabelecendo o moderno sistema fabril (fábricas com máquinas) e a moderna
indústria mineral (mecanização da extração mineral).
A industrialização levou décadas, dependendo do país
e da época, razão de muitos estudiosos considerarem que a mecanização da
produção foi mais uma evolução do que uma revolução. Ainda assim, o termo
revolução continua válido para as mudanças decorrentes da industrialização,
ocorridas em um espaço de tempo relativamente curto se comparado com o de
outras decisivas revoluções econômicas, como a Revolução Neolítica (invenção e
expansão da agricultura na Pré-História, durando milênios) e a Revolução
Comercial da Idade Moderna (séculos XV-XVIII).
Com efeito, a mecanização da
indústria e da mineração foi acompanhada de outras mudanças radicais. Ela
resultou na expansão sem precedentes da produção e da produtividade, barateando
os produtos e possibilitando o desenvolvimento em potencial do mercado
consumidor. A Revolução Industrial também favoreceu a urbanização, em razão da
localização das fábricas nas cidades ou em suas periferias, o que atraiu
trabalhadores para os novos empregos, além de estimular a criação de outros
negócios, como no setor de serviços. A estrutura social foi profundamente
alterada. Uma nova elite econômica (o empresariado ou burguesia industrial) foi
formada, juntando-se aos tradicionais grupos sociais dominantes (como os
grandes proprietários rurais e os grandes comerciantes) que, com o tempo,
acabaram sendo superados em termos de influência política e ideológica pelos
industriais. Por outro lado, o desenvolvimento capitalista decorrente da
industrialização ampliou a importância e o poder dos bancos, transformando os
banqueiros (a burguesia financeira) em outro influente setor das classes
dominantes. A industrialização e a urbanização favoreceram também o crescimento
da classe média ligada ao setor de serviços privados e públicos – uma camada
social que virou, em grande medida, a principal fatia do mercado de bens
industriais. Contudo, a transformação social mais famosa decorrente da
Revolução Industrial foi a ascensão do operariado fabril ou proletariado
industrial como o principal segmento dos trabalhadores.
A industrialização não só transformou profundamente
as estruturas econômicas e sociais dos países que passaram por ela, como também
gerou uma nova cultura e afetou os regimes políticos tradicionais. Os governos
precisaram agora atender às demandas dos grupos industriais, da crescente
classe média e do numeroso proletariado fabril. As doutrinas políticas que
defendiam a democracia, o bem-estar social e o socialismo foram desenvolvidos e
adquiriram uma importância central nas questões políticas. Organizações
trabalhistas na forma de sindicatos e partidos políticos passaram a ser uma
parte inerente dos sistemas políticos modernos. Com a industrialização, a
“política de massas” (dependente da aceitação popular) emergiu.
2.3 Revolução Industrial e capitalismo
A maioria das sociedades modernas industrializou-se
sob o sistema capitalista, ou seja, pela ação da livre iniciativa (muitas vezes
sob o patrocínio do Estado ou com a participação de empresas estatais em alguns
setores), com a formação de indústrias privadas, utilização em larga escala de
trabalhadores livres e assalariados contratados e acumulação de capital pelos
empresários donos das fábricas (a “burguesia industrial”, que superou em poder
econômico as tradicionais elites agrárias). Isso levou a ideia de que a
Revolução Industrial foi a responsável pela consolidação do modo de produção
capitalista. Embora isso seja verdade de uma maneira geral para os primeiros
150 anos da maquinofatura (1780-1930), nem todos os processos de
industrialização foram capitalistas ou “burgueses”. Os países socialistas,
sobretudo a URSS e a China, vivenciaram uma intensa industrialização (os
soviéticos a partir da década de 1930 e os chineses a partir da década de 1950)
baseada na estatização e planificação econômica que, durante décadas, excluiu a
iniciativa privada.
Apesar disso, quando se fala em
Revolução Industrial, geralmente é a industrialização capitalista que se tem em
mente, quase sempre acompanhada pelos seus aspectos negativos, mais
típicos do século XIX, como a ruína dos artesãos diante da concorrência das
fábricas, as péssimas condições de trabalho do proletariado (salários baixos,
longas jornadas de trabalho, ausência de direitos trabalhistas), a exploração
da mão de obra infantil e feminina, a pobreza, o crescimento desequilibrado das
cidades, a degradação do meio ambiente, a poluição das fábricas etc.
Essa visão crítica, no entanto, destaca também a
reação dos movimentos sociais urbanos contra a industrialização de uma maneira
geral e, mais especificamente, contra os aspectos negativos dos primórdios do
capitalismo industrial. Por exemplo, a ação de artesãos arruinados ou
proletarizados nas destruições de máquinas, como no movimento ludita na
Grã-Bretanha (1811-1816). Mas o mais enfatizado é a formação do movimento
operário, com a organização dos sindicatos proletários e a utilização da
greve como principal instrumento de luta contra os patrões e os governos
“burgueses”, seja pela reivindicação salarial ou por direitos sociais e
políticos.
2.4 Grã-Bretanha: pioneira na revolução industrial
O
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (hoje Reino Unido da Grã-Bretanha e
Irlanda do Norte) foi a nação pioneira na Revolução Industrial, iniciada em seu
território, sobretudo na Inglaterra, por volta de 1780. Nesse sentido, a
Grã-Bretanha desenvolveu a primeira sociedade moderna da história. Foram motivos
do pioneirismo industrial britânico:
A
Revolução Inglesa do século XVII. Revolução política que extinguiu o
absolutismo monárquico, consolidou o constitucionalismo inglês e ampliou o
poder do parlamento, estabelecendo os fundamentos de um regime liberal
favorável ao capitalismo. O parlamento, composto por membros da elite econômica
do país eleitos pelo voto censitário (até o século XIX), aprovou leis que
favoreceram o crescimento das atividades empresariais e dos negócios privados
no país.
A
Revolução Agrária (século XVIII). Baseada nos cercamentos ou enclosures
das antigas terras de uso comum (camponeses e senhores) mantidas pelas
tradições medievais. Gradual, mas sistematicamente, os tradicionais direitos de
usufruto dessas terras pelos camponeses foram abolidos por leis aprovadas pelo
parlamento fortalecido com a vitória da Revolução Inglesa. As terras comuns
viraram propriedade privada dos grandes fazendeiros, como a gentry (cavalheiros ou pequena nobreza,
considerada por muitos estudiosos uma espécie de “burguesia agrária”) e a
aristocracia da alta nobreza. A produção agropecuária melhorou e aumentou com o
emprego de novas técnicas agrícolas que, visando o comércio, baratearam as
matérias-primas (lã, trigo). Mas os camponeses foram expulsos do meio rural
(êxodo rural) e a consequente abundância de mão de obra formou um proletariado
numeroso e pobre, com salários relativamente baixos, que pode ser utilizado em
ampla escala e a um baixo custo nas nascentes fábricas. O processo de cercamentos
começou nos séculos XV-XVI, ligado à ampliação da criação de ovelhas e produção
de lã, e cresceu nos séculos XVIII-XIX com a nova legislação capitalista criada
pelo Parlamento.
O
domínio de um mercado mundial. Obtido com a construção de um grande
império colonial nos séculos XVII-XVIII em guerras contra a Holanda, Espanha e
França. Além disso, os produtos britânicos predominavam no comércio do império
português e espanhol.
Existência
de grandes reservas de carvão mineral. O combustível básico na primeira fase
da Revolução Industrial.
O
desenvolvimento tecnológico. No setor energético, com a máquina a vapor,
criada por Thomas Newcomen (1712) e aperfeiçoada por James Watt (1769), que
virou o símbolo da Revolução Industrial. No setor têxtil – o setor de ponta na
revolução – com as novas técnicas de fiação e tecelagem. John Wyatt e Lewis
Paul inventaram a primeira máquina de fiar, patenteada por Lewis em 1738.
Richard Arkwright criou em 1768 o tear hidráulico e o reverendo Cartwright, o
tear mecânico (1784). Na indústria pesada, a metalurgia e a mineração se
desenvolveram com o uso do carvão mineral nos fornos de fundição. As novas
técnicas permitiram a fabricação de aço (Benjamin Huntsman, em 1745) e a
purificação de barras de ferro (Henry Cort em 1783). Com isso os materiais
metálicos substituíam a madeira usada nas estruturas das máquinas, melhorando e
prolongando seu funcionamento.
b)
Consequências para a Grã-Bretanha.
A
Revolução Industrial mudou radicalmente a sociedade britânica, dando-lhe uma
fisionomia tipicamente moderna, urbana e capitalista, com uma elite econômica
burguesa, uma ampla classe média e um enorme proletariado fabril. Ela também
consolidou a Grã-Bretanha como a maior potência econômica mundial – a “fábrica
do mundo”.
2.5 Fases da Revolução Industrial
a)
A Primeira Revolução Industrial (1780-1880)
Caracterizada
pelo uso do vapor e carvão como principais fontes de energia, pelo
desenvolvimento da indústria têxtil e siderúrgica e pela revolução nos
transportes (ferrovias, navegação a vapor e carvão). Época da hegemonia
britânica na industrialização, que também atingiu outros países da Europa
Ocidental (Bélgica, França e Alemanha) e os EUA.
b)
A Segunda Revolução Industrial (1880-1950)
Caracterizada
pelo motor a explosão, o petróleo como principal fonte de energia, utilização
da energia elétrica e avanço da indústria química. A hegemonia britânica foi
superada pela produção dos EUA (a maior do mundo), Alemanha e URSS. O Japão
também se transformou em uma grande potência industrial.
c)
A Terceira Revolução Industrial (1950-1980)
d)
A Quarta Revolução Industrial (1980 em diante)
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