Meu comentário meio besta e talvez exagerado, nesse início de Carnaval,
sobre coisas alheias aos festejos:
2014 será o ano da farsa ou da tragédia?
É possível? Logo no centenário da Primeira Guerra Mundial? Como é
sabido, a guerra de 1914 foi precipitada por disputas territoriais e étnicas no
Leste europeu entre a Áustria-Hungria, aliada da Alemanha, e a Sérvia, apoiada
pela Rússia. No caso, o território disputado era a Bósnia-Herzegovina, anexada
pelos austro-húngaros (1908) e reivindicada pela Sérvia. Uma solução
diplomática e consensual para a "Questão da Bósnia" era difícil. O nacionalismo
sérvio fomentava o iugoslavismo (ideal de unir os povos "eslavos do
sul", que incluía os bósnios, para criar a Iugoslávia ou Grande Sérvia),
enquanto a Áustria-Hungria buscava preservar o status de grande potência e a
integridade do seu império multiétnico, o que limitava sua capacidade de fazer
concessões. O assassinato do herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco
Ferdinando, em 28 de junho de 1914 por um separatista bósnio pró-Sérvia causou
uma crise internacional que rapidamente evoluiu para uma guerra generalizada
entre as grandes potências europeias. Agora, em 2014, novamente estamos vendo
uma disputa territorial e étnica no Leste europeu (disputa russo-ucraniana pela
Criméia, nacionalismo antirrusso ucraniano, necessidade da Rússia de preservar
ou mesmo ampliar o status de grande potência) ameaçando a paz no continente.
Está ficando cada vez mais difícil para os dois lados (Rússia e Ucrânia)
fazerem concessões. Não há como escapar das famosas palavras de Karl Marx,
comentando Hegel: os fatos e personagens importantes da história ocorrem, sim,
duas vezes, "mas a primeira como tragédia e a segunda como farsa".
2014 entrará na História como o ano da farsa ou da tragédia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário