segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

3 - Conceitos básicos

Durante o ano vamos utilizar diversos termos, entre eles “civilização”, “Ocidente”, “modernidade”, “modernização”, “capitalismo”, “imperialismo”, “colonialismo” e “liberalismo”. Abaixo você tem os conceitos básicos desses termos:


Civilização

No sentido cultural, civilização é um agrupamento de povos que compartilham diversos elementos ideológicos e políticos comuns, como religião, valores, normas e instituições, distintos daqueles de outros povos. Segundo essa interpretação, o núcleo de uma civilização é formado pelos seus países mais ricos e poderosos – os Estados-núcleos.

Civilização ocidental ou Ocidente

Ocidente ou civilização ocidental é o agrupamento cultural constituído pela Europa (onde essa civilização se originou) e os países de intenso povoamento europeu da América e da Oceania. Apesar de cada uma das diversas sociedades do Ocidente possuir características culturais particulares ou únicas (sua identidade cultural nacional), elas estariam unidas por uma cultura mais ampla comum baseada na fusão das tradições greco-romanas, judaico-cristãs e germânicas. Os principais elementos culturais da civilização ocidental são o legado clássico (filosofia e racionalismo gregos, o Direito romano, o conceito de cidadania), o cristianismo, a tradição medieval de constitucionalismo (a lei limitando o poder do governo) e de corpos representativos (parlamento) e o individualismo. Até 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, a Europa foi o núcleo do Ocidente. Entre 1914 e 1945, o núcleo foi baseado em um equilíbrio entre a Europa e os EUA. Depois de 1945, os EUA assumiram a posição de principal Estado-núcleo da civilização ocidental, ainda que essa posição tenha sido desafiada pela força militar da URSS durante a fase da Guerra Fria (1945-1991).

Modernidade e modernização

Modernidade refere-se à fase da história das sociedades caracterizada pela industrialização, pela intensa urbanização, pela crença no racionalismo e no progresso e pelo avanço do pensamento secular ou laico (não-religioso) na política e no ensino em detrimento da religião – um conjunto de transformações nas estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais das sociedades agrárias ou tradicionais, resultado do impacto da Revolução Industrial e das idéias derivadas do Iluminismo.

Modernização é o processo de implantação da modernidade em uma sociedade pré-moderna. Em outras palavras, modernização é a transformação de uma sociedade pré-industrial (a sociedade agrária ou tradicional) em uma sociedade industrial e urbana (a sociedade moderna).

Capitalismo

Capitalismo é um sistema econômico e social com as seguintes características combinadas:

■ Economia de mercado – produção e distribuição de bens, serviços e informações voltadas para o comércio, visando o lucro e o capital (riqueza que investida gera mais riqueza) em um regime de concorrência entre empresas.

■ Propriedade privada do capital – empresas, meios de produção e outras fontes de riquezas pertencem aos capitalistas ou “burgueses”.

■ Predomínio do trabalho livre e assalariado do “proletariado”.

Imperialismo

Imperialismo é a tentativa de expansão do poder de uma potência sobre outros territórios e povos com o objetivo de estabelecer algum tipo de domínio ou de controle sobre eles. Na maioria dos casos, a potência imperialista é um Estado, com governo, forças armadas e funcionários civis. Algumas vezes, entretanto, o imperialismo é resultado da ação de organizações tribais, grupos de indivíduos ou de empresas privadas, em princípio agindo de forma independente do governo.

O imperialismo pode ser motivado por questões econômicas (busca de terras, matérias-primas, mercados, áreas de investimento), políticas (ampliar o poder internacional de um Estado, dominar um rival em potencial, controlar uma área estrategicamente importante para a defesa nacional, obter prestígio nacional, desviar a atenção dos problemas internos do país) e ideológicas (difundir, pela força, uma doutrina religiosa ou política secular).

O imperialismo é um fenômeno antigo na história das relações internacionais, ocorrendo em sociedades tradicionais e modernas, não-capitalistas e capitalistas.

Colonialismo

Colonialismo é o domínio de um país ou povo por uma potência imperialista, resultado de um imperialismo bem-sucedido (quando o imperialismo fracassa, não há colonialismo). O colonialismo implica na existência de um império colonial ou sistema colonial: uma relação internacional de dominação entre um centro de poder ou metrópole (a potência imperialista) e sua periferia ou colônia (o território dominado).

Como no caso do imperialismo, o colonialismo na maioria das vezes é organizado por um Estado, mas ocasionalmente ele também pode ser estabelecido por grupos privados. Mas mesmo quando o colonialismo é uma iniciativa de forças não-governamentais, o Estado acaba se envolvendo direta ou indiretamente sobre ele.

O colonialismo também é um fenômeno antigo nas relações internacionais e pode ser dividido em dois tipos:

Colonialismo formal ou direto: quando a metrópole governa a colônia, que é dominada política e economicamente pela potência imperialista. Exemplo: o domínio de Portugal no Brasil em 1530-1815. É comum categorizar o colonialismo formal em duas modalidades: (a) colonização de exploração: quando a colônia é criada, sobretudo, para gerar riquezas para a metrópole; (b) colonização de povoamento: quando a colônia é estabelecida, principalmente, para receber excedentes demográficos da metrópole. Essas duas modalidades não existiram de forma “pura”. Na prática, a maioria das colônias foi constituída combinando características desses dois modelos, com um deles predominando.

Colonialismo informal ou indireto: quando um país é independente politicamente, mas tem sua economia controlada por uma potência imperialista, ou tem sua soberania limitada pelo poder de intervenção daquela potência. Esses países dependentes economicamente ou com pouca autonomia política são considerados semicolônias, protetorados ou áreas de influência estrangeira. Exemplo: a partilha da China em zonas de influência européia e japonesa em 1842-1945. O termo neocolonialismo costuma ser utilizado como sinônimo do colonialismo informal econômico.

O domínio colonial e suas limitações. Na prática, a dominação colonial é mantida pela combinação do uso da força bruta (violência) com a influência cultural (ideológica) da metrópole sobre a colônia. Historicamente, quando o poder militar de uma metrópole ficava enfraquecido ou reduzido por causa de guerras ou problemas econômicos, a sua capacidade de dominar a colônia diminuía e as chances da população colonial obter a independência aumentavam – obviamente, se essa população considerasse a independência uma necessidade. Por outro lado, não bastava apenas a força militar ou a repressão para garantir a dominação colonialista. Era fundamental que uma parte da população da colônia (geralmente as elites coloniais, descendente de conquistadores e de imigrantes da metrópole, ou mesmo de origem nas etnias nativas) aceitasse o colonialismo para que fosse garantido um mínimo de estabilidade e funcionamento do sistema colonial. De fato, o colonialismo podia ou pode ser aceito por vários motivos: interesses econômicos dos colonos na metrópole (comércio, empréstimos), reconhecimento da importância da metrópole para a segurança dos colonos (defesa contra revoltas de nativos ou de escravos, proteção contra invasores estrangeiros) e identificação cultural dos colonos com a metrópole. Outros fatores como o conformismo e a passividade da maior parte da população colonial também tiveram um grande peso na manutenção do colonialismo. De qualquer forma, quando os setores mais poderosos da sociedade colonial passaram a considerar que a metrópole não apenas deixara de atender aos seus interesses, mas passara também a contrariá-los ou ameaça-los, o colonialismo mantido exclusivamente por meio da violência demonstrou ser inviável.

Liberalismo

Liberalismo é a doutrina que defende a liberdade política, econômica e de pensamento do indivíduo frente ao Estado e a coletividade. (a) Idéias políticas: o liberalismo baseia-se na crença na existência dos direitos naturais do indivíduo (vida, propriedade e liberdade), na defesa da isonomia (igualdade diante da lei), na tolerância da divergência de opinião e na divisão do Estado em três poderes (executivo, legislativo, judiciário) em um regime de “contrato social”, quer dizer, com um governo constitucional (limitado por leis), eleito e representativo dos cidadãos. (b) Idéias econômicas: o liberalismo defende o capitalismo com pouca interferência governamental e ampla liberdade de produção e de comércio. Os liberais acreditam que a livre iniciativa, a concorrência, o respeito à propriedade e aos contratos e o mercado funcionando de acordo com as leis da oferta e da procura são condições fundamentais para o progresso econômico e social.

Nenhum comentário: