segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

1 - Bem-vindo(a)!

Estamos iniciando mais um ano letivo. Neste blog você encontrará:


■ Esquemas e textos de História baseados no conteúdo da Segunda Etapa do PAS/UnB.

■ Comentários e sugestões de livros e filmes.

■ Trechos de reportagens e de outros blogs sobre história e atualidades.

O blog só publica comentários de usuários com conta no Google. Portanto, se você quiser comentar as postagens terá que criar a sua conta. Comentários que eu considerar ofensivos serão apagados.

Lembre-se que a construção do conhecimento não é algo fácil. O estudo pode ser, às vezes, divertido. Mas ele exige sempre esforço, o que envolve concentração, dedicação e alguma dose de sacrifício.

Bom trabalho!

2 - Conteúdos e sugestões de leituras

O conteúdo de História do Segundo Ano do Ensino Médio segue, em suas linhas gerais, o programa da segunda etapa do PAS/UnB. Esse conteúdo envolve História Geral e História do Brasil nos séculos XVII, XVIII e XIX. Mais precisamente em História Geral, os assuntos são:


■ Revolução Inglesa (1640-1689)

■ Revolução Industrial (1780-1900)

■ Iluminismo (século XVIII)

■ Crise do Antigo Regime e do colonialismo mercantilista (1760-1825)

■ Revolução Americana (1775-1787) e os EUA no século XIX

■ Revolução Francesa/Era Napoleônica (1789-1815)

■ Revoluções Latino-Americanas (1790-1825) e América Latina no século XIX

■ Europa no século XIX

■ Imperialismo no século XIX

Os assuntos da História do Brasil são:

■ Movimentos de independência (1789-1825)

■ Época da Monarquia (1822-1889), incluindo as fases políticas, a formação da identidade nacional, as disputas territoriais no Prata, a questão do escravismo e as transformações econômico-sociais associadas ao avanço do capitalismo.

Os livros adotados pela escola e os textos avulsos atendem esses assuntos. Contudo, se você gosta de História e deseja aprofundar o conteúdo, sugiro os seguintes títulos:

Sobre a História do Brasil

História do Brasil. Boris Fausto (Editora EDUSP, 1994)
Lançado há mais de uma década, esse livro de Boris Fausto consolidou-se como o melhor manual de História do Brasil, tornando-se referência no gênero.

Uma Breve História do Brasil. Mary del Priore e Renato Venâncio (Editora Planeta do Brasil, 2010)
De leitura fácil e agradável, essa obra segue uma linha narrativa e menos acadêmica do que o livro de Boris Fausto.

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Leandro Narloch (Editora Leya, 2009)
Escrito por um jornalista inspirado no sucesso da série americana The Politically Incorrect Guide's, esse livro propõe uma interessante revisão de alguns mitos da história do Brasil.

Sobre a História Geral

Civilização Ocidental – Uma História Concisa. Marvin Perry (Editora Martins Fontes, 1999)
Esse manual universitário de leitura fácil é a melhor síntese disponível em língua portuguesa sobre a história da Europa, das origens da civilização ao final do século XX. Abrangente, bem escrito e com ótimas análises – destacando-se os capítulos sobre o pensamento e a cultura ocidental – é um livro que vale a pena ser adquirido para a sua biblioteca.

A Riqueza e a Pobreza das Nações. David Landes (Editora Campus, 1998)
Por que algumas nações são tão ricas e outras tão pobres? O autor estuda a trajetória das nações “vencedoras” e das “perdedoras” nos últimos 600 anos, destacando o papel da cultura no sucesso – ou fracasso – econômico e militar dos povos. Excelente análise.

História das Idéias Políticas. Oliver Nay (Editora Vozes, 2007)
Ótimo manual que descreve e analisa as idéias políticas de centenas de pensadores da Antiguidade Clássica aos nossos dias. Os capítulos 4, 5 e 6 especialmente tratam do período cobrado na 2a etapa do PAS/UnB.

Sobre a História da América Latina

História da América Latina Vol. III – Da Independência até 1870. Leslie Bethel (Editora EDUSP, 2004)
Esse livro faz parte de uma coleção originalmente editada pela Cambridge e organizada por Leslie Bethel, dos quais seis volumes foram traduzidos no Brasil. É claramente a melhor e mais detalhada obra sobre a história da América Latina. O terceiro volume abrange o período cobrado na 2a etapa do PAS/UnB, inclusive com capítulos sobre o Brasil monárquico.

Sobre a História dos EUA

Uma Reavaliação da História dos Estados Unidos. Charles Seller, Henry May e Neil McMillen (Jorge Zahar Editor, 1990).
De longe o melhor manual de História dos EUA publicado no Brasil. Os capítulos são intercalados por análises e polêmicas historiográficas. Infelizmente, parece que deixou de ser editado.

A History of the American People. Paul Johnson (Editora Harper Perennial, 1997)
Excelente narrativa e análise da história dos EUA.

Esses títulos constituem a biblioteca básica do nosso conteúdo para, repito, quem quiser aprofundá-lo. No decorrer das postagens dos assuntos, vou citar outros títulos mais específicos.

3 - Conceitos básicos

Durante o ano vamos utilizar diversos termos, entre eles “civilização”, “Ocidente”, “modernidade”, “modernização”, “capitalismo”, “imperialismo”, “colonialismo” e “liberalismo”. Abaixo você tem os conceitos básicos desses termos:


Civilização

No sentido cultural, civilização é um agrupamento de povos que compartilham diversos elementos ideológicos e políticos comuns, como religião, valores, normas e instituições, distintos daqueles de outros povos. Segundo essa interpretação, o núcleo de uma civilização é formado pelos seus países mais ricos e poderosos – os Estados-núcleos.

Civilização ocidental ou Ocidente

Ocidente ou civilização ocidental é o agrupamento cultural constituído pela Europa (onde essa civilização se originou) e os países de intenso povoamento europeu da América e da Oceania. Apesar de cada uma das diversas sociedades do Ocidente possuir características culturais particulares ou únicas (sua identidade cultural nacional), elas estariam unidas por uma cultura mais ampla comum baseada na fusão das tradições greco-romanas, judaico-cristãs e germânicas. Os principais elementos culturais da civilização ocidental são o legado clássico (filosofia e racionalismo gregos, o Direito romano, o conceito de cidadania), o cristianismo, a tradição medieval de constitucionalismo (a lei limitando o poder do governo) e de corpos representativos (parlamento) e o individualismo. Até 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, a Europa foi o núcleo do Ocidente. Entre 1914 e 1945, o núcleo foi baseado em um equilíbrio entre a Europa e os EUA. Depois de 1945, os EUA assumiram a posição de principal Estado-núcleo da civilização ocidental, ainda que essa posição tenha sido desafiada pela força militar da URSS durante a fase da Guerra Fria (1945-1991).

Modernidade e modernização

Modernidade refere-se à fase da história das sociedades caracterizada pela industrialização, pela intensa urbanização, pela crença no racionalismo e no progresso e pelo avanço do pensamento secular ou laico (não-religioso) na política e no ensino em detrimento da religião – um conjunto de transformações nas estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais das sociedades agrárias ou tradicionais, resultado do impacto da Revolução Industrial e das idéias derivadas do Iluminismo.

Modernização é o processo de implantação da modernidade em uma sociedade pré-moderna. Em outras palavras, modernização é a transformação de uma sociedade pré-industrial (a sociedade agrária ou tradicional) em uma sociedade industrial e urbana (a sociedade moderna).

Capitalismo

Capitalismo é um sistema econômico e social com as seguintes características combinadas:

■ Economia de mercado – produção e distribuição de bens, serviços e informações voltadas para o comércio, visando o lucro e o capital (riqueza que investida gera mais riqueza) em um regime de concorrência entre empresas.

■ Propriedade privada do capital – empresas, meios de produção e outras fontes de riquezas pertencem aos capitalistas ou “burgueses”.

■ Predomínio do trabalho livre e assalariado do “proletariado”.

Imperialismo

Imperialismo é a tentativa de expansão do poder de uma potência sobre outros territórios e povos com o objetivo de estabelecer algum tipo de domínio ou de controle sobre eles. Na maioria dos casos, a potência imperialista é um Estado, com governo, forças armadas e funcionários civis. Algumas vezes, entretanto, o imperialismo é resultado da ação de organizações tribais, grupos de indivíduos ou de empresas privadas, em princípio agindo de forma independente do governo.

O imperialismo pode ser motivado por questões econômicas (busca de terras, matérias-primas, mercados, áreas de investimento), políticas (ampliar o poder internacional de um Estado, dominar um rival em potencial, controlar uma área estrategicamente importante para a defesa nacional, obter prestígio nacional, desviar a atenção dos problemas internos do país) e ideológicas (difundir, pela força, uma doutrina religiosa ou política secular).

O imperialismo é um fenômeno antigo na história das relações internacionais, ocorrendo em sociedades tradicionais e modernas, não-capitalistas e capitalistas.

Colonialismo

Colonialismo é o domínio de um país ou povo por uma potência imperialista, resultado de um imperialismo bem-sucedido (quando o imperialismo fracassa, não há colonialismo). O colonialismo implica na existência de um império colonial ou sistema colonial: uma relação internacional de dominação entre um centro de poder ou metrópole (a potência imperialista) e sua periferia ou colônia (o território dominado).

Como no caso do imperialismo, o colonialismo na maioria das vezes é organizado por um Estado, mas ocasionalmente ele também pode ser estabelecido por grupos privados. Mas mesmo quando o colonialismo é uma iniciativa de forças não-governamentais, o Estado acaba se envolvendo direta ou indiretamente sobre ele.

O colonialismo também é um fenômeno antigo nas relações internacionais e pode ser dividido em dois tipos:

Colonialismo formal ou direto: quando a metrópole governa a colônia, que é dominada política e economicamente pela potência imperialista. Exemplo: o domínio de Portugal no Brasil em 1530-1815. É comum categorizar o colonialismo formal em duas modalidades: (a) colonização de exploração: quando a colônia é criada, sobretudo, para gerar riquezas para a metrópole; (b) colonização de povoamento: quando a colônia é estabelecida, principalmente, para receber excedentes demográficos da metrópole. Essas duas modalidades não existiram de forma “pura”. Na prática, a maioria das colônias foi constituída combinando características desses dois modelos, com um deles predominando.

Colonialismo informal ou indireto: quando um país é independente politicamente, mas tem sua economia controlada por uma potência imperialista, ou tem sua soberania limitada pelo poder de intervenção daquela potência. Esses países dependentes economicamente ou com pouca autonomia política são considerados semicolônias, protetorados ou áreas de influência estrangeira. Exemplo: a partilha da China em zonas de influência européia e japonesa em 1842-1945. O termo neocolonialismo costuma ser utilizado como sinônimo do colonialismo informal econômico.

O domínio colonial e suas limitações. Na prática, a dominação colonial é mantida pela combinação do uso da força bruta (violência) com a influência cultural (ideológica) da metrópole sobre a colônia. Historicamente, quando o poder militar de uma metrópole ficava enfraquecido ou reduzido por causa de guerras ou problemas econômicos, a sua capacidade de dominar a colônia diminuía e as chances da população colonial obter a independência aumentavam – obviamente, se essa população considerasse a independência uma necessidade. Por outro lado, não bastava apenas a força militar ou a repressão para garantir a dominação colonialista. Era fundamental que uma parte da população da colônia (geralmente as elites coloniais, descendente de conquistadores e de imigrantes da metrópole, ou mesmo de origem nas etnias nativas) aceitasse o colonialismo para que fosse garantido um mínimo de estabilidade e funcionamento do sistema colonial. De fato, o colonialismo podia ou pode ser aceito por vários motivos: interesses econômicos dos colonos na metrópole (comércio, empréstimos), reconhecimento da importância da metrópole para a segurança dos colonos (defesa contra revoltas de nativos ou de escravos, proteção contra invasores estrangeiros) e identificação cultural dos colonos com a metrópole. Outros fatores como o conformismo e a passividade da maior parte da população colonial também tiveram um grande peso na manutenção do colonialismo. De qualquer forma, quando os setores mais poderosos da sociedade colonial passaram a considerar que a metrópole não apenas deixara de atender aos seus interesses, mas passara também a contrariá-los ou ameaça-los, o colonialismo mantido exclusivamente por meio da violência demonstrou ser inviável.

Liberalismo

Liberalismo é a doutrina que defende a liberdade política, econômica e de pensamento do indivíduo frente ao Estado e a coletividade. (a) Idéias políticas: o liberalismo baseia-se na crença na existência dos direitos naturais do indivíduo (vida, propriedade e liberdade), na defesa da isonomia (igualdade diante da lei), na tolerância da divergência de opinião e na divisão do Estado em três poderes (executivo, legislativo, judiciário) em um regime de “contrato social”, quer dizer, com um governo constitucional (limitado por leis), eleito e representativo dos cidadãos. (b) Idéias econômicas: o liberalismo defende o capitalismo com pouca interferência governamental e ampla liberdade de produção e de comércio. Os liberais acreditam que a livre iniciativa, a concorrência, o respeito à propriedade e aos contratos e o mercado funcionando de acordo com as leis da oferta e da procura são condições fundamentais para o progresso econômico e social.